O que ocorreu

Afinal, o que aconteceu na madrugada de 27 de maio de 2015?

A segunda-feira (26) de maio de 2015 era mais um dia comum na vida do casal Renata Cardim e Hélio Gueiros Neto. Como de costume, os dois foram à academia pela manhã, antes de cada um seguir para seus respectivos trabalhos. Tudo parecia normal. Mas na madrugada do dia 26 para o dia 27, Renata veio a falecer, após mal súbito, pelo rompimento de aneurisma da aorta, conforme descreveram os laudos (clique e veja) e os médicos em depoimentos à justiça (clique e assista).  

“Foi um dia normal, onde fomos dormir entre dez e onze horas da noite. Mas por volta de uma ou duas horas da manhã, escutei um ronco absurdamente alto, algo que nunca tinha visto, a ponto de me acordar, uma coisa que nunca tinha ouvido”, descreve.

Logo após o som de respiração, que assustou Hélio pela potência, o rapaz de então 30 anos – ela com 26 – tentou acordá-la, sem sucesso. “Imediatamente, fui ao banheiro pegar um pouco de água para passar no rosto dela e ver se conseguia fazer ela reagir. Quando vi que ela não acordava, a primeira coisa que pensei é que precisava levá-la para a emergência, mas sozinho não ia conseguir”, relembra.

Hélio resolveu então ligar para a mãe de Renata, Socorro Cardim, que morava distante apenas 200 metros e alguns minutos de carro do apartamento do casal. Além disso, o irmão de Renata morava com a mãe e poderia ajudar. “Achei que essa seria a forma mais rápida de socorrê-la. A gente mesmo levar era mais rápido do que ligar para uma ambulância e esperar socorro. Eu não sabia o que ela tinha. Sabia era que tinha que levar Renata para a emergência e foi isso que eu fiz”, conta.

Após chamar a mãe de Renata por telefone, Hélio Neto passou a procurar os documentos do casal, como documento de identificação e carteira do convênio de plano de saúde, além de se vestir, uma vez que estava dormindo quando tudo ocorreu. 

Alguns minutos depois, Hélio carregou Renata e encontrou com o irmão da esposa, Danilo, na porta do apartamento. Os três levaram então Renata para a emergência da Unimed, localizada na Avenida Doca de Souza Franco, distante apenas algumas quadras do prédio de Hélio e Renata.

Assim que Renata chegou, inconsciente, foi atendida pelo médico Aldemir Ferreira. O experiente médico identificou acentuada palidez e que a mesma já se encontrava em óbito, iniciando então vários procedimentos de reanimação, infelizmente sem sucesso. Ao confirmar o óbito, o médico então analisou o corpo e, como não constatou nenhuma lesão ou sinal de sedação e sim sintomas claros de morte natural (veja trecho do depoimento), encaminhou o corpo para o Serviço de Verificação de Óbito, que emitiu laudo confirmando que ocorreu rompimento do aneurisma da aorta (entenda mais), causando hemorragia interna. Esse tipo de episódio, segundo registros, costuma ser fatal em quase 90% dos casos, quando sequer os pacientes chegam com vida para atendimento no hospital . Dos que chegam, mais da metade vem a óbito mesmo após todo o procedimento médico.

“O plantonista veio falar primeiramente com a mãe dela, para depois me passar o informe de falecimento e que deveríamos tomar as providências. Como ela já chegou sem sinais de vida e informei do que tinha acontecido em casa, me orientaram que alguém da família deveria fazer um Boletim de Ocorrência, para dar o andamento necessário. Nessa hora você está em estado de choque, no piloto automático. Faz o que te orientam. Alguém tinha que fazer o registro e fui, enquanto a mãe e o irmão cuidavam de outras obrigações, como avisar outros familiares e a questão toda do funeral, velório. Parecia um pesadelo, a gente nunca imagina que vai deitar e acordar com uma situação dessa”, relata. 

Meses depois, mesmo com a confirmação dos médicos e laudos demonstrando a lesão que vitimou Renata, a mãe da jovem, Socorro Cardim, pediu a exumação do cadáver. O laudo (veja o documento) do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves confirmou o laudo de verificação de óbito (veja o documento). Porém, o parecer emitido por profissionais particulares serviu de base para a acusação de morte por asfixia, ainda que sequer exista qualquer laudo ou comprovação científica que confirme a hipótese.